quinta-feira, 28 de abril de 2011

()

(O) (que) (está) (oculto) (tende) (a ) (dar) (mais) (nas) (vistas), (precisamente) (por) (tentar) (disfarçar-se). (É) (como) (dizer) (um) (“amo-te”), (sincero), ( “(muito)” ). (O) (“muito”) (quer) (esconder-se) (por) (detrás) (do) (“amo-te”) (e), (no) (entanto), (dá) (mais) (nas) (vistas), (como) (se) (chamasse), (desesperadamente), (a) (atenção). (Mas) (quando) (o) (disfarce) (é) (excessivo), (então) (ele) (torna-se) (irremediavelmente) (vulgar). (Como) (muitos (“ (muito)” ) (e) (apenas) (um) “amo-te” (descoberto), (a) (nu). (Então), (aquilo) (que) (se) (mostra), (aquilo) (que) (não) (pretende) (de) (forma) (nenhuma) (esconder-se) (nem) (exibir-se), (aquilo) (que) (quer) (simplesmente) (ser) (igual) (a) (si) (mesmo), (cai) (acidentalmente) (na) (luz) (da) (ribalta). (Como) (muitos) (“ (muito)”) (insignificantes) (e) (um) (amo-te) (sincero), (genuíno), (real), (autêntico), (espontâneo) (e) (sem) (qualquer) (intenção) (de) (se) (esconder).

(Porque) (temos) (nós) (tanta) (necessidade) (de) (procurar) (e) (nos) (focar) (naquilo) (que) (quer) (ficar) (na) (sombra), (protegido) (do) (mundo) (real)? (E) (quando) (esta) (sombra) (protectora) (se) (transforma) (em) (algo) (vulgar), (comum), (mais) (do) (mesmo), (uma) (espécie) (de) (sol) (sem) (nada) (de) (novo) (por) (baixo), (por) (cima) (ou) (pelos) (lados), (porque) (procuramos) (o) (que), (de) (repente), (ficou) (a) (descoberto) (e) (é) (agora) (algo) (verdadeiramente) (único)?

Cláudia

quarta-feira, 20 de abril de 2011


Qual é o parasita mais resiliente? Uma bactéria? Um vírus? Um verme intestinal?

Uma ideia.

Resiliente. Altamente contagiosa. Quando uma ideia se apodera do cérebro, é praticamente impossível erradicá-la. Uma ideia que esteja completamente formada e seja completamente apreendida, enraíza-se.

Aqui dentro, algures.

In Inception (A Origem), Christopher Nolan.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

É isto.



- Excuse me.
- Excuse me.

- Hey. Could we do that again? I know we haven't met, but I don't want to be an ant, you know?
I mean, it's like we go through life with our antennas bouncing off one another, continuously on ant auto-pilot with nothing really human required of us. Stop. Go. Walk here. Drive there. All action basically for survival.
All communication simply to keep this ant colony buzzing along in an efficient polite manner. "Here's your change."

I don't want a straw, I want real human moments.
I want to see you. I want you to see me. I don't want to give that up.

I don't want to be an ant, you know?
I want to see you. I want you to see me. I don't want to give that up.

- Yeah. Yeah, no. I don't want to be an ant either. Yeah, thanks for kind of jostling me there.
I've been kind of on zombie auto-pilot lately, I don't feel like an ant in my mind, but I guess I probably look like one. It's kind of like D.H. Lawrence had this idea of two people meeting on a road. And instead of just passing and glancing away, they decide to accept what he calls "the confrontation between their souls." It's like, um, freeing the brave reckless gods within us all.

- Then it's like we have met.

- So it has a lot to do with choices and honoring people's ability to say what it is that they wanna see, and also consumerism and art and commodity, and if you don't like what you got, then you can send it back,
or you get what you pay for, or just participating, just really making choices. So, you wanna do it?

- Uh, yeah, yeah, that sounds really cool. I'd love to be in it, but, um ... Uh, I kind of gotta ask you a question first though. I don't really know how to say it, but, um, uh, what's it like to be a character in a dream? 'Cause, uh, I'm not awake right now. And I haven't even worn a watch since, like, fourth grade. I think this is the same watch too. Um, uh, yeah, I don't even know if you're able to answer that question, but I'm just trying to get like a sense of where I am and what's going on.

- So what about you? What's your name? What's your address? What are you doing?

- I, I, you know, I can't really remember right now. I can't really, I can't really recall that. But that's beside the point, whether or not I can dredge up this information about, you know, my address, or, you know, my mom's maiden name, or what not. I've got the benefit in this reality, if you wanna call that, of a consistent perspective.

- What is your consistent perspective?

- It's mostly just me dealing with a lot of people who are exposing me to information and ideas that seem vaguely familiar, but, at the same time, it's all very alien to me. I'm not in an objective, rational world. Like I've been flying around. Uh ... I don't know. It's weird too because it's not like a fixed state, it's more like this whole spectrum of awareness. Like the lucidity wavers. Like, right now, I know that I'm dreaming, right? We're, like, even talking about it. This is the most in myself and in my thoughts that I've been so far. I'm talking about being in a dream. But, I'm beginning to think that it's something that I don't really have any precedent for. It's, it's totally unique. The, the quality of, of the environment and the information that I'm receiving.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nada de novo debaixo do sol.




The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes

There's a hole in my soul like a cavity
Seems like the world is out to gather just by gravity
The wheel keeps turning the sky's rearranging
Look my son the weather is changing

I'd like to feel that you could be free
Look up at the blue skies beneath a new tree
Sometime again
You'll turn green and the sea turns red
My son I said the power of axis over my head

The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes

We sang about the sun and danced among the trees
And we listened to the whisper of the city on the breeze
Will you cry in the most in a lead-free zone
Down within the shadows where the factories drone
On the surface of the wheel they build another town
And so the green come tumbling down
Yes close your eyes and hold me tight
And i'll show you sunset sometime again

The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes
As a child's silent prayer my hope hides in disguise
While satellites and cameras watch from the skies
An acid drop of rain recycled from the sea
It washed away my shadow burnt a hole in me
And all the king's men cannot put it back again
But the ghetto sun will nurture life
And mend my soul sometime again

The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes


The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Viagem do Elefante, José Saramago V - Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.



Têm razão os cépticos quando afirmam que a história da humanidade é uma sucessão de ocasiões perdidas. Felizmente, graças à inesgotável generosidade da imaginação, cá vamos suprindo as faltas, preenchendo as lacunas o melhor que se pode, rompendo passagens em becos sem saída e que sem saída irão continuar, inventando chaves para abrir portas orfãs de fechadura ou que nunca a tiveram (…) Apesar de toda a crítica que sobre ele se vem fazendo, o mundo vai descobrindo em cada dia maneiras de ir funcionando tant bien que mal, permita-se-nos esta pequena homenagem à cultura francesa, a prova é que quando as coisas boas não sucedem por si mesmas na realidade, a livre imaginação dá uma ajuda à composição equilibrada do quadro.

(…) Realmente, o maior desrespeito à realidade (…) que se poderá cometer quando nos dedicamos ao inútil trabalho de descrever uma paisagem, é ter de fazê-lo com palavras que não são nossas, que nunca foram nossas, repare-se, palavras que já correram milhões de páginas e de bocas antes que chegasse a  nossa vez de as utilizar, palavras cansadas, exaustas de tanto passarem de mão em mão e deixarem em cada uma parte da sua substância vital.

Contam-se muitas coisas e nem todas serão certas, mas o ser humano foi desta maneira feito, tão capaz de crer que o pêlo de elefante, depois de um processo de maceração, faz crescer o cabelo, como de imaginar que leva dentro de si uma luz única que o conduzirá pelos caminhos da vida, incluindo os desfiladeiros. De uma maneira ou de outra, dizia o sábio, sempre teremos de morrer.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Viagem do Elefante, José Saramago IV - Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.



Certos mistérios da natureza parecem à primeira vista impenetráveis e a prudência talvez aconselhe a deixá-los assim, não seja que de um conhecimento adquirido em bruto acabe por nos vir mais mal que bem. Veja-se, por exemplo, o resultado de ter comido adão no paraíso o que parecia uma vulgar maçã. Pode ser que o fruto proibido tenha sido obra deliciosa de deus, embora haja quem afirme que foi, sim, uma talhada de melancia, porém, as sementes, em qualquer caso, essas, foram lá postas pelo diabo. Ainda por cima, negras.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Viagem do Elefante, José Saramago III - as diferenças de carácter entre os animais e os humanos.


Uma pessoa pode ser abraçada por um elefante, mas não há maneira nenhuma de imaginar o gesto contrário correspondente. E quanto aos apertos de mãos, esses, seriam simplesmente impossíveis, cinco insignificantes dedos humanos jamais poderão abarcar uma patorra grossa como um tronco de árvore. 
(…) E não tenham medo, salomão está triste, mas não está zangado, tinha-se habituado a vocês e agora descobriu que se vão embora, E como o soube ele, Essa é uma daquelas coisas que nem vale a pena perguntar, se o interrogássemos directamente, o mais certo seria não nos responder, Por não saber ou por não querer, Creio que na cabeça de salomão o não querer e o não saber se confundem numa grande interrogação sobre o mundo em que o puseram a viver, aliás, penso que nessa interrogação nos encontramos todos, nós e os elefantes.

Pela primeira vez na história da humanidade, um animal despediu-se, em sentido próprio, de alguns seres humanos, como se lhes devesse amizade e respeito, o que os preceitos morais dos nossos códigos de comportamento estão longe de confirmar, mas que talvez se encontrem inscritos em letras de outro nas leis fundamentais da espécie elefantina.

sábado, 2 de abril de 2011

A Viagem do Elefante, José Saramago II - Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.



Não é verdade que o céu seja indiferente às nossas preocupações e anseios. O céu está constantemente a enviar-nos sinais, avisos, e se não dizemos bons conselhos é porque a experiência de um lado e do outro, isto é, a dele e a nossa, já demonstrou que não vale a pena esforçar a memória, que todos a temos mais ou menos fraca (…) É este o grande equívoco do céu, como a ele nada é impossível, imagina que os homens, feitos, segundo se diz, à imagem e semelhança do seu poderoso inquilino, gozam do mesmo privilégio.

(…) a morte é entendida como princípio gerador da vida.

(…) porque tudo isto são palavras, e só palavras, fora das palavras não há nada (…) uma palavra que, como todas as mais, só por outras palavras poderá ser explicada, mas, como as palavras que tentaram explicar, quer tenham conseguido fazê-lo ou não, terão, por sua vez, de ser explicadas, o nosso discurso avançará sem rumo, alternará, como por maldição , o errado com o certo, sem se ar conta do que está bem e do que está mal.

(…) uma boa coisa que a ignorância tem é defender-nos dos falsos saberes.
Somos, cada vez mais, os defeitos que temos, não as qualidades.
(…) assim se demonstrando, uma vez mais, não só que o óptimo é inimigo do bom, mas também que o bom, por muito que se esforce, nunca chegará aos calcanhares do óptimo.
Ter de pagar pelos próprios sonhos deve ser o pior dos desesperos.
Quando o cérebro divaga, quando nos arrebata nas asas do devaneio, nem damos pelas distâncias percorridas, sobretudo quando os pés que nos levam não são os nossos.
O egoísmo, geralmente tido por uma das atitudes mais negativas e reprováveis da espécie humana, pode ter, em certas circunstâncias, as suas boas razões.
(…) o respeito pelos sentimentos alheios é a melhor condição para uma próspera e feliz vida de relações e afectos. É a diferença entre um categórico Levanta-te e um dubitativo E se tu te levantasses.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Viagem do Elefante, José Saramago I - Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.




Dando tempo ao tempo, todas as coisas do universo acabarão por se encaixar umas nas outras.

(…) a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos.

O passado é um imenso pedregal que muitos gostariam de percorrer como se de uma auto-estrada se tratasse, enquanto outros, pacientemente, vão de pedra em pedra, e as levantam, porque precisam saber o que há por baixo delas.

O destino, quando lhe dá para aí, é capaz de escrever por linhas tortas e torcidas tão bem como deus, ou melhor ainda.

Não é todos os dias que aparece nas nossas vidas um elefante.